12 de maio de 2013

ALGUM DIA CAVALGAREMOS SEM SELA

|12 DE MAIO|

TENTAR esquivar-se de tudo o que chamamos de natureza na espiritualidade negativa seria como se nós fugíssemos dos cavalos, em vez de aprender a montar. Há muito espaço (mais do que a maioria de nós desejamos), na nossa atual condição de peregrinos, para abstinência, renúncia e mortificação dos desejos naturais. Porém, o pensamento principal por trás de todo o ascetismo deve ser: "Quem irá confiar-nos a verdadeira riqueza se não formos fiéis nem mesmo com a riqueza que perece?". Quem me confiaria um corpo espiritual, se nem sequer consigo controlar um corpo terreno? Esses corpos pequenos e frágeis que temos agora nos foram dados como os pôneis são dados a garotinhos. Temos de aprender a manejá-los. Não para um dia estarmos completamente livres dos cavalos, mas para que possamos, um dia, ser capazes de cavalgar sem sela, confiantes e alegres, aquelas montaria enormes, aqueles cavalos alados, brilhantes, que fazem o mundo tremer, que até hoje estão nos esperando com impaciência, batendo com os cascos e rufando ansiosamente nos estábulos do rei. Claro que esse galope não valeria alguma coisa, a não ser que fosse um galope como rei. Mas de que outro modo, desde que ele reteve seu próprio cavalo de guerra, poderíamos acompanhá-lo?

[C. S. Lewis]
- de Miracles [Milagres]

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