21 de julho de 2013

REFLEXO DA VIDA DIVINA

|21 DE JULHO|

ESSAS exigências divinas, para nossos ouvidos naturais mais parecem vindas de um tirano do que de um ser amoroso, nos guiam para onde deveríamos querer ir se soubéssemos o que queremos. Ele reivindica o nosso louvor, nossa obediência, nossa reverência. Seria razoável supor que essas coisas poderiam fazer algum bem a ele ou provocar-lhe medo? Ou, como se diz no canto de Milton, será que a irreverência humana seria capaz de levar "à diminuição da sua glória"? Ninguém é capaz de diminuir a glória de Deus recusando-se a louvá-lo, da mesma forma que um lunático não é capaz de impedir o sol de nascer pichando a palavra "escuridão" nas paredes da sua cela. Mas Deus deseja o nosso bem, e o nosso bem é amá-lo (com esse amor de gratidão, próprio das criaturas). E para amá-lo, temos de conhecê-lo; e se o conhecermos, iremos de fato reverenciá-lo. Do contrário, daremos provas de que o que estamos tentando amar ainda não é a Deus - por mais que essa seja a aproximação máxima de Deus que o nosso pensamento e a nossa fantasia conseguissem alcançar. No entanto, nosso chamado não é só para a reverência e o temor; mas também para refletirmos a vida divina, participando como criatura dos atributos divinos que estão muito além dos nossos desejos presentes. Somos convidados a nos "vestir de Cristo", a nos tornarmos como Deus. Isto significa que, quer gostamos ou não, Deus pretende nos dar o que necessitamos e não o que supomos desejar agora. Mais uma vez, ficamos constrangidos pela extravagante benevolência, por demasiado amor, e não pela falta dele.

[C. S. Lewis]
- de The Problem Of Pain [O Problema do Sofrimento]

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