27 de agosto de 2013

"TUDO O QUE EU DISSE..."

|27 DE AGOSTO|

Último conselho de Screwtape sobre como usar aborrecimentos diários para distrair o paciente

NA VIDA doméstica civilizada o ódio geralmente se expressa por coisas ditas que pareceriam totalmente inofensivas no papel (as palavras não são ofensivas), mas, com certo tom de voz e na hora certa, não ficam muito longe de um tapa na cara. Para manter esse jogo bem quente, você e Glubose devem cuidar para que os dois tolos estejam sempre usando dois pesos e duas medidas. Seu paciente deve fazer questão de que todo o seu discurso seja entendido exatamente como é proferido e julgado no sentido meramente literal, ao mesmo tempo que ele se dá ao direito de julgar todos os discursos da sua mãe  com a mais completa e suprassensível interpretação do tom de voz, do contexto e da intenção pretendida. E faça com que ela aja da mesma maneira. Assim, ambos poderão sair de toda essa briga convencidos, ou bem perto de estarem convencidos, de que são inocentes. Você conhece esse tipo de coisa: "É só eu perguntar a que horas é o jantar que ela já tem um chilique". Uma vez consolidado esse hábito, você terá a sensação prazerosa de ver uma pessoa dizer coisas com o propósito expresso de ofender, e mesmo assim, se magoando quando a ofensa é aceita.

[C. S. Lewis]
- de The Screwtape Letters [Cartas do Diabo a seu Aprendiz]

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