22 de setembro de 2013

COMO OS RAIOS DE UMA RODA

|22 DE SETEMBRO|

NÃO SÃO bem as nossas ações que preocupam Deus. O que o preocupa mais é que deveríamos ser criaturas de certo tipo ou qualidade - precisamente aquele tipo de criatura que ele pretendeu que fossemos. Criaturas que se relacionassem com ele de uma determinada maneira. Não digo "que se relacionassem umas com as outras de determinada maneira", porque isso já está implícito; se você estiver bem com ele, inevitavelmente estará bem com todas as criaturas com que se relaciona, da mesma forma que os raios da roda de uma bicicleta, quando encaixados de maneira correta entre o cubo e o aro, estão todos na posição certa em relação aos outros. Enquanto uma pessoa imaginar Deus como um examinador, incumbido da tarefa de aplicar um teste, ou como a contrapartida de uma espécia de barganha - enquanto ela pensar na sua relação com Deus em termos de lucro e reivindicação de lucro -, não estará em uma relação certa com ele. Essa pessoa não terá entendido quem ela é nem quem é Deus. E jamais conseguirá ter uma relação certa enquanto não descobrir a realidade da nossa falência.
Quando eu me refiro a esta "descoberta", quero dizer uma verdadeira descoberta; não algo mecânico. É claro que qualquer criança, desde que tenha recebido alguma educação religiosa, logo aprenderá que não temos nada a oferecer a Deus que já não seja dele e que falhamos até em oferecer isso sem guardarmos algo para nós. A verdadeira descoberta de que estou falando é a de se chegar à conclusão, por meio de uma experiência pessoal, de que essa é a mais pura verdade.

[C. S. Lewis]
- de Mere Christianity [Cristianismo Puro e Simples]

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