20 de setembro de 2013

NEM TÃO RUIM ASSIM

|20 DE SETEMBRO|

Screwtape apresenta mais técnicas para confundir o paciente

ATÉ AQUI estive traçando minhas reflexões sobre a hipótese de que as pessoas assentadas nos bancos da igreja não dão nenhum motivo racional para o desapontamento. É claro que se elas derem - se o paciente souber que a mulher de chapéu engraçado não passa, na verdade, de um inveterada jogadora de bridge ou que o homem das botas rangentes é o maior pão-duro e chantagista -, então a sua tarefa é bem mais fácil de realizar. Tudo o que você tem de fazer, neste caso, é manter fora da mente de seu paciente a questão: "Se eu, sendo do jeito que sou, posso me considerar de certo modo cristão, que motivo tenho para achar que os diferentes vícios das pessoas do banco ao lado sejam prova de que a sua religião não passa de mera hipocrisia e convenção?". Você talvez me pergunte como seria possível evitar que um pensamento assim tão óbvio ocorresse até mesmo a uma mente humana. Mas é muito possível, Wormwood! Trate bem dele e essa ideia simplesmente não lhe passará pela cabeça. Seu paciente ainda não conviveu o suficiente com o Inimigo [Deus] para já ter desenvolvido alguma humildade real. As coisas que ele diz, até mesmo de joelhos, sobre a sua própria pecaminosidade não passam de tagarelice. No fundo, ele vive na ilusão de que está com saldo positivo na balança do Inimigo [Deus] por ter se deixado converter, e acha que está demonstrando uma grande humildade e condescendência ao ir à igreja com aqueles vizinhos presunçosos. É bom que você o mantenha nesse estado mental o máximo que puder.

[C. S. Lewis]
- de The Screwtape Letters [Cartas do Diabo a seu Aprendiz]

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