18 de setembro de 2013

TREINANDO A FÉ

|18 DE SETEMBRO|


A FÉ, no sentido que estou usando aqui, é a arte de aderir a coisas que a sua razão já aceitou apesar da sua disposição oscilante. As disposições mudarão, não importa a perspectiva que a sua razão possa adotar. Sei disso por experiência. Agora que sou cristão, passo por momentos em que a coisa parece bastante improvável; mas, quando eu era ateu, passava por momentos em que o cristianismo me parecia terrivelmente provável. Essa rebelião da sua disposição contra o seu eu verdadeiro acontecerá de qualquer forma. Eis a razão por que a fé é uma virtude tão necessária: se você não souber impor os limites adequados a sua disposição jamais poderá ser um cristão convicto ou um ateu convicto; será apenas uma criatura que é impelida para lá e para cá, cuja fé depende das condições do tempo e do estado do seu estômago. É por isso que é tão necessário treinar o hábito da fé.
O primeiro passo é reconhecer o fato de que o seus humores mudam. O próximo é ter certeza de que, se você aceitou o cristianismo, algumas das suas principais doutrinas precisam ser deliberadamente mantidas em sua mente por algum tempo, todos os dias. Eis porque as orações diárias, as leituras devocionais e a frequência à igreja são partes necessárias da vida cristã. Temos de ser continuamente lembrados das coisas em que acreditamos. Nem essa, nem qualquer outra crença poderá manter-se automaticamente viva na mente de ninguém. Qualquer crença precisa ser alimentada. E, de fato, se examinarmos numa centena de casos de pessoas que perderam a fé no cristianismo, eu me perguntaria quantas delas se afastaram por terem levado em conta argumentos razoáveis e honestos. Não é verdade que a maioria das pessoas simplesmente se deixa levar, impelidas pelo vento?

[C. S. Lewis]
- de Mere Christianity [Cristianismo Puro e Simples]

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