17 de outubro de 2013

A PRODUÇÃO DO BEM COMPLEXO

|17 DE OUTUBRO|

O HOMEM piedoso visa o bem do seu próximo e, assim, acaba fazendo a "vontade de Deus", colaborando conscientemente com o "bem simples". O homem cruel oprime o seu semelhante e assim, faz o mal simples. Mas, ao fazer isso, ele é usado por Deus, sem seu próprio conhecimento ou permissão, para produzir um bem complexo. E então o primeiro homem serve a Deus como filho e o segundo, como instrumento. Certamente você acabará realizando o propósito de Deus, não importa como venha a agir, mas fará toda a diferença se optar por servi-lo como Judas ou como João. Todo o sistema é baseado, por assim dizer, no confronto entre homens bons e maus, e os frutos positivos da fortitude, da paciência, da piedade e do perdão, em razão dos quais o homem cruel tem a permissão de ser cruel, pressupõem que o homem bom geralmente continue a buscar o bem simples. Digo "geralmente" porque há ocasiões em que o homem tem o direito de ferir (ou mesmo, em minha opinião, de matar) seu semelhante, mas apenas quando a necessidade é urgente e o bem a ser alcançado é óbvio, e no geral (embora nem sempre), quando o que inflige a dor possui autoridade definida para fazê-lo - a autoridade paterna derivada da natureza, a do magistrado ou soldado derivada da sociedade civil, ou a do cirurgião, derivada na maioria da vezes do próprio paciente. Transformar isso em uma autorização para afligir a humanidade, como se "a aflição fosse boa para ela" [...] não significa quebrar o esquema divino, mas voluntariar-se para o posto de Satanás dentro desse esquema. Se você fizer o trabalho dele, deve estar preparado para receber o seu salário.

[C. S. Lewis]
- de The Problem of Pain [O Problema do Sofrimento]

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