14 de outubro de 2013

NÃO APEDREJE O MENSAGEIRO

|14 DE OUTUBRO|

TODO E qualquer argumento para justificar o sofrimento provoca ressentimentos amargos contra o seu autor. Você quer saber como eu me comporto quando passo pela experiência do sofrimento, não quando estou escrevendo sobre ele. Você não precisa adivinhar, pois eu vou lhe contar; não passo de um grande covarde. Porém, o que isso pode acrescentar? Quando penso no sofrimento - a ansiedade de que me consome com fogo e a solidão que se estende como um deserto, a triste rotina da miséria monótona, as dores entorpecentes que escurecem todo o nosso horizonte, ou aquelas dores repentinas e nauseantes que arrebatam o coração, dores que já parecem intoleráveis e que depois aumentam, dores furiosas como picadas de escorpião que provocam movimentos alucinantes em alguém que parecia semimorto por causa das torturas já sofridas - isso "quase arrebata meu espírito". Se eu conhecesse algum meio de escapar, rastejaria através dos canos de esgoto para encontrá-lo. Porém, qual a vantagem de lhe contar sobre os meus sentimentos? Você os conhece muito bem: eles são iguais aos seus. Não estou dizendo que o sofrimento não seja doloroso. O sofrimento dói. É isso que a palavra significa. O que estou tentando fazer é mostrar que a velha doutrina cristã de "aperfeiçoar por meio do sofrimento" (Hb 2.10) não é inacreditável. Provar que isso seja agradável está fora dos meus planos.

[C. S Lewis]
- de The Problem of Pain [O Problema do Sofrimento]

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