22 de novembro de 2013

ENFIM, CONVIDADOS A ENTRAR

|22 DE NOVEMBRO|

PODE até parecer cruel descrever a glória como o fato de ser "notado" por Deus. Porém, é praticamente esse a linguagem usada no Novo Testamento. O apóstolo Paulo não promete, como poderíamos supor, que aqueles que amam a Deus virão a conhecê-lo, mas que eles serão conhecidos por Deus (1Co 8.3). Essa é uma promessa muito estranha. Deus não sabe tudo o tempo todo? Contudo, isso parece terrivelmente repetido em outra passagem do Novo Testamento. Nela nós somos advertidos de que todos nós acabaremos comparecendo diante da face de Deus somente para ouvir as espantosas palavras: "Eu nunca o conheci. Afaste-se de mim" [Mt 7.23]. Em algum sentido, tão obscuro para o intelecto quanto insuportável para os sentimentos, é possível que aconteçam ambas as coisas: que sejamos banidos da presença daquele que conhece todas as coisas. Pode ser que fiquemos completa e absolutamente de fora - repelidos, exilados, estranhos e final e inexplicavelmente ignorados. Por outro lado, é possível que sejamos chamados para dentro, saudados, recebidos e reconhecidos. Caminhamos diariamente na linha tênue que separa essas duas possibilidades incríveis. Aparentemente, então, nossa nostalgia durante a vida, o desejo de sermos reunificados com algo no universo do qual nos sentimos cortados hoje, e de estar do lado de dentro de alguma porta para a qual sempre olhamos de fora, não é nenhuma fantasia neurótica; é o indício mais verdadeiro da nossa real situação. E sermos finalmente convidados a entrar significaria tanto honra e glória que ultrapassam todos os nosso méritos quanto a cura daquela antiga saudade.

[C. S. Lewis]
- de The Weight of Glory [Peso de Glória]

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