31 de janeiro de 2013

A CORDA DE SEGURANÇA

|31 DE JANEIRO|

MINHA tentação mais recorrente é esta: ir até àquele mar (se não me engano, São João da Cruz chamou Deus de mar) e, chegando lá, jamais mergulhar, nadar ou fluir, mas apenas tocar ou bater na água, com todo o cuidado para não ir muito fundo e ficar perto da corda de segurança que me conecta com as coisas temporais.
Isso pode ser muito diferente das tentações que encontramos no início da vida cristã. Naquele tempo, lutávamos (pelo menos eu lutava) contra a admissão de que o eterno sequer existisse. E, depois de termos lutado e sido feridos e rendidos, supúnhamos que tudo não passara de uma viagem tranquila. E essa tentação vem mais tarde. Ela é endereçada àqueles que já admitiram que Deus existe e que estão empreendendo esforços para ir ao encontro dessa admissão. Nossa tentação é buscar ansiosamente o mínimo que será aceito. De fato, somos como pagadores de impostos, honestos, mas relutantes. Admitimos a necessidade de imposto de renda, em princípio. Fazemos as declarações de maneira honesta, mas temos pavor do aumento dos impostos. Temos todo o cuidado de não pagar mais do que o necessário e esperamos - com todo o fervor - que, depois de pagarmos, ainda reste o suficiente para sobreviver.

[C. S. Lewis]
- de The Weight of Glory [Peso de Glória]

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