30 de janeiro de 2013

PROSSIGA COM MUITO CUIDADO

|30 DE JANEIRO|

É DESSE tipo de coisa que eu estou falando. Eu faço minhas orações, leio um livro devocional, me preparo ou recebo o sacramento. Porém, enquanto faço essas coisas, há, por assim dizer, uma voz dentro de mim que me alerta a tomar cuidado. Ela me recomenda a ser cuidadoso, me manter frio, não ir longe demais, não atiçar fogo no meu próprio bote. Eu me apresento diante de Deus, morrendo de medo, torcendo para que nada aconteça comigo diante daquela presença que seja inconveniente e intolerável demais quando eu voltar à minha vida "normal". Não gostaria de ser levado a tomar alguma decisão que viesse a lamentar mais tarde. Eu sei que deveria me sentir bem diferente depois do café da manhã; não gostaria que me acontecesse nada no altar que redundasse em uma conta muito alta para eu pagar na hora. Seria muito desagradável, por exemplo, assumir o dever da caridade (enquanto estivesse no altar) de uma maneira tão séria que, depois do café da manhã, eu tivesse de rasgar a resposta malcriada que tinha escrito ontem para um leitor descarado e que pensava em postar hoje. Seria bem estressante comprometer-se com um programa de redução que acabasse com meu cigarro depois do café da manhã (ou que, na melhor das hipóteses, me desse a cruel alternativa de deixar o cigarro para mais tarde). Até o arrependimento dos atos passado terá de ser pago. Quando nos arrependemos, os reconhecemos como pecados que, portanto, não devem ser repetidos. Melhor então deixar a coisa em aberto.
O princípio básico de todas essas precauções é o mesmo: proteger as coisas temporais.

[C. S. Lewis]
- de The Weight of Glory [Peso de Glória]

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