28 de fevereiro de 2013

CONTROLE DOS INSTINTOS

|28 DE FEVEREIRO|

É UM equívoco achar que alguns dos nossos instintos, como o amor de mãe ou o patriotismo, sejam bons por natureza, e que outros, como o sexo e o instinto de luta, sejam ruins. O que queremos dizer na verdade é que as ocasiões em que os instintos de luta ou do desejo carnal devem ser reprimidos são mais frequentes do que aquelas em que devemos reprimir o amor de mão ou o patriotismo. Porém, há situações em que é dever do marido estimular seus impulsos sexuais, e de um soldado encorajar seu instinto de luta. Há ocasiões ainda em que o amor de uma mãe pelo seus filhos, ou o amor de um homem pela sua pátria, tem de ser subjugados; do contrário, eles levarão as injustiças em relação aos filhos ou aos países de outras pessoas. Estritamente falando, não existe esse negócio de bons e maus instintos. Voltemos ao exemplo do piano. Ele não tem dois tipos de teclas: as "certas" e as "erradas". Cada nota será certa ou errada dependendo do momento. [...]
Aliás, esse ponto tem fortes consequências práticas. A coisa mais perigosa que se pode fazer é tomar qualquer instinto e colocá-lo como algo que você tenha de perseguir a todo custo. Todos eles, sem exceção, tornam-se verdadeiros demônios quando os assumimos como guias absolutos. Você pode até considerar o amor pela humanidade em geral seguro; mas acontece que não é. Se você deixar de fora a justiça, acabará quebrando acordos e falsificando evidências quando for "pelo bem da humanidade". E, no final, acabará se tornando um homem cruel e traiçoeiro.

[C. S. Lewis]
- de Mere Christianity [Cristianismo Puro e Simples]

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