21 de março de 2013

A RECONCILIAÇÃO DO CASAMENTO

|21 DE MARÇO|

Lewis lamenta a morte de sua esposa, Joy.

"O QUE É bom dura pouco" é o que me sinto tentado a dizer a respeito do nosso casamento, mas isso pode significar duas coisas. Pode parecer absurdamente pessimista - como se Deus não conseguisse ver duas pessoas felizes juntas e logo quisesse estragar a festa: "O que pensam que estão fazendo? Podem parar com isso!". Parecendo até um daqueles donos de festa que vão logo separando dois convidados que aparentam estar envolvidos em uma conversa realmente profunda. Porém, isso também poderia ser entendido assim: "Já está de bom tamanho. Virou o que tinha que virar. Por isso mesmo, é claro, não podia durar mais". É como se Deus tivesse dito: "Muito bom! Você passou pelo teste! Estou muito satisfeito com você. E agora você está pronto para prosseguir". Depois que você aprende a fazer equações, e até se diverte com elas, não deve mais perder seu tempo com isso. O professor passa para o próximo ponto.
Todos nós já aprendemos e alcançamos alguma coisa. Parece que há uma espada, oculta ou exposta, a separar os sexos até que um casamento de verdade os reconcilie. É pura petulância da nossa parte chamar a franqueza, a honestidade e o cavalheirismo de virtudes "masculinas" quando as vemos em uma mulher; é pura petulância delas julgar a sensibilidade, o tato ou carinho de um homem em algo "feminino". Além disso, que fragmentos miseráveis e desagradáveis a maioria dos homens e mulheres comuns precisam ser para tornarem plausíveis as implicações dessa petulância. O casamento tem o poder de curar tudo isso. Juntos, homem e mulher se tornam seres humanos mais completos: "À imagem de Deus os criou". Assim, graças a um paradoxo, esse carnaval de sexualidade nos leva para muito além das divisões dos sexos.

[C. S. Lewis]
- de A Grief Observed [A Anatomia de Uma Dor]

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