2 de março de 2013

O DILEMA MORAL

|2 DE MARÇO|

A MORALIDADE parece preocupar-se com três pontos. Em primeiro, com jogo limpo e harmonia entre indivíduos. Em segundo, com o que pode ser chamado de "arrumação" e "harmonização" das coisas dentro de cada indivíduo. Em terceiro, com o propósito geral da vida humana: para que o homem foi criado, que rumo dar à frota toda, que peça o maestro deseja que a banda execute. [...]
Praticamente todos em todos os tempos concordam (em tese) que os seres humanos devem ser honestos, gentis e dispostos a ajudar uns aos outros. Porém, embora seja natural começarmos assim, se o nosso pensamento sobre a moralidade acabar por aí, é a mesma coisa de não termos pensado nada. A menos que avancemos para o segundo ponto - a arrumação interior de cada ser humano -, estamos apenas nos enganando.
Qual a vantagem de dizer aos navios como eles devem navegar para evitar colisões se, na verdade, eles não passarem de banheiras velhas, que nem sequer tem como ser dirigidas? Qual a vantagem de estabelecer regras de comportamento social, no papel, se sabemos que nossa ambição, nossa covardia, nosso mau humor e nosso egoísmo nos impedirão de observá-las? Não quer dizer, em momento algum, que não devemos pensar seriamente sobre as maneiras de melhorar o nosso sistema social e econômico. O que quero dizer é que toda essa reflexão nada valerá se não percebermos que não há nada, a não ser a coragem e o altruísmo dos indivíduos, que faça um sistema funcionar de forma mais apropriada. É fácil demais acabar com certos tipos de suborno ou ameça que ocorrem no sistema atual. Porém, sempre encontrarão alguma forma de dar continuidade ao velho jogo sob um novo sistema. Não se pode tornar o ser humano bom por decreto: e sem pessoas boas não se pode ter uma sociedade boa.

[C. S. Lewis]
- de Mere Christianity [Cristianismo Puro e Simples]

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