15 de abril de 2013

MEU, MEU, MEU

|15 DE ABRIL|

Screwtape reconhece a verdade sobre a posse

MESMO no Jardim de Infância, é possível ensinar uma criança que "meu ursinho" significa não o velho e imaginário recebedor de afetos com quem ela tem uma relação especial (pois é isso mesmo que o Inimigo [Deus] os ensinará a entender, se não tomarmos cuidado), mas "o urso que eu posso rasgar em pedaços quando eu quiser". E, do outro lado da escala, temos ensinado as pessoas a dizerem "meu Deus" num sentido não muito diferente de dizer "minhas botas", o que significa isso: "O Deus de quem posso exigir direitos pelos meus serviços prestados, a quem eu exploro a partir do púlpito - o Deus a quem eu persuado".
E o engraçado nisso tudo é que a palavra "meu", em seu sentido completamente possessivo, não pode ser emitida por nenhum ser humano a propósito de coisa nenhuma. No fim das contas, ou o Nosso Pai [Diabo] ou o Inimigo [Deus] dirá "meu" sobre tudo quanto existe e especialmente em relação a cada ser humano. Não tenha medo; no final, eles descobrirão a quem seu tempo, suas almas e seus corpos realmente pertencem - certamente não a eles, independente do que aconteça. Atualmente, o Inimigo [Deus] diz "meu" a respeito de tudo sob a alegação pedante e legalista de que ele tudo criou: Nosso Pai [Diabo] espera poder dizer no final "meu" para todas as coisas, baseado na alegação mais realista e dinâmica da usurpação.

[C. S. Lewis]
- de The Screwtape Letters [Cartas do diabo a seu Aprendiz]

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