17 de junho de 2013

NO LIMIAR DA FÉ

|17 DE JUNHO|


ENTRETANTO... entretanto... É nesse entretanto que eu temo mais do que qualquer argumento convincente contrário aos milagres: o retorno sereno e contínuo do seu olhar habitual ao fechar o livro, as quatro paredes familiares ao seu redor e os ruídos atuais da rua se acomodam de novo. Quem sabe (se eu puder ousar tanto) você tenha divagado algumas vezes enquanto lia, sentido antigas esperanças e medos em seu coração; quem sabe tenha até chegado ao limiar a fé - mas, e agora? Não, isso simplesmente não daria certo. O mundo comum, real, está ao seu redor novamente. O sonho acabou da mesma forma que todos os sonhos similares sempre chegam ao fim. É claro que não é a primeira vez em que algo desse tipo aconteceu. Você já ouviu histórias esquisitas, já leu algum livro estranho, viu algo anormal ou imaginou que viu, alimentou alguma esperança ou terror selvagem, mas tudo sempre terminou do mesmo jeito. E você sempre se perguntou como é que pode achar, por um só momento, que não fosse assim, pois o "mundo real" ao qual você volta é irrefutável. É claro que aquela história estranha era falsa, que aquela voz era subjetiva, que o aparente presságio não passava de uma coincidência. Você sente vergonha por apenas ter cogitado outra coisa - se sente envergonhado, aliviado, entretido, desapontado e irado, tudo ao mesmo tempo. Você queria já saber, como diz Arnold, que: "Milagres não acontecem".

[C. S. Lewis]
- de Miracles [Milagres]

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