2 de junho de 2013

O TESTEMUNHO APOSTÓLICO

|2 DE JUNHO|

NOS primeiros dias do cristianismo, um "apóstolo" era, antes e acima de tudo, alguém que afirmava ser uma testemunha ocular da ressurreição. Poucos dias depois da crucificação, quando dois candidatos foram indicados para a vaga cedida pela traição de Judas, a qualificação exigida era ter conhecido a Jesus pessoalmente antes e depois de sua morte, e ser capaz de oferecer evidências "de primeira mão" sobre a ressurreição ao comunicar o evangelho aos outros (At 1.22). Alguns dias depois, Pedro, pregando o seu primeiro sermão cristão, afirma o mesmo: "A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas" (At 2.32). Na primeira carta aos Coríntios, Paulo baseia a sua reivindicação ao apostolado no mesmo argumento: "Porventura, não sou apóstolo? Não vi Jesus, nosso Senhor?" (9.1).
Como essa autoexplicação sugere, pregar o cristianismo significava primeiramente pregar a ressurreição. [...] Este é o tema central em todos os sermões cristãos relatados no livros de Atos. A ressurreição e as suas consequências eram o "evangelho", ou boas novas, que os cristãos comunicavam. O que chamamos de "evangelhos", as narrativas da vida e morte do nosso Senhor, foram escritos mais tarde para o benefício daqueles que já tinham aceitado o evangelho. Eles não eram a base do cristianismo; foram escritos para os que já estavam convertidos. O milagre da ressurreição e a sua teologia vem primeiro; a biografia vem depois, como um comentário sobre a própria ressurreição. [...] O primeiro fato na história do cristianismo é um grupo de pessoas que insiste em dizer que viu ressurreição. Se elas tivessem morrido sem fazer com que outros acreditassem nesse "evangelho", nenhum dos evangelhos jamais teria sido escrito.

[C. S. Lewis]
- de Miracles [Milagres]

Nenhum comentário: