25 de julho de 2013

AME O PRÓXIMO COMO A SI MESMO

|25 DE JULHO|

POIS BEM, quanto exatamente eu amo a mim mesmo?
Agora que estou pensando sobre isso, não posso dizer com precisão que sinto alguma ternura ou afeto por mim mesmo. Nem mesmo aprecio sempre a minha própria companhia. Então, tudo indica que "amar o próximo" não quer dizer me "sentir interessado por ele" ou "achá-lo atraente". Eu já devia ter percebido isso antes, pois é claro que eu não posso me interessar por uma pessoa só tentando. Será que me considero bom ou me acho um cara legal? Bem, temo que às vezes eu realmente me veja assim (e esses, sem dúvida, são os meus piores momentos). Porém, esse não é o motivo porque eu me amo. Na verdade, o que acontece é exatamente o contrário: meu amor-próprio é o que faz com que eu me ache legal, mas achar-me legal não é a razão para eu me amar. Semelhantemente, amar os meus inimigos também não significa que tenho de achá-los legais. Isso é um grande alívio, pois grande parte das pessoas imagina que perdoar os inimigos significa fazer de conta que eles não são assim tão ruins, mesmo quando a evidência mostra que eles o são. Dê um passo além. Nos meus momentos de maior lucidez eu não só não me acho uma pessoa legal, como também tenho plena consciência de que na verdade sou um ser bastante asqueroso. Sou capaz de olhar para algumas coisas que eu já cometi com horror e asco. Então, também me é permitido ter asco e ódio de alguns atos cometidos pelos meus inimigos.

[C. S. Lewis]
- de Mere Christianity [Cristianismo Puro e Simples]

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