16 de julho de 2013

UMA ESPADA NAS MÃOS DE DEUS

|16 DE JULHO|

Lewis lamenta a morte de sua esposa, Joy

O LOUVOR é uma forma de amor que sempre traz em si um elemento de alegria. Louvor na ordem certa; a ele, como doador, e a ela, como presente. No louvor nos alegramos, de alguma forma, com a coisa que estamos louvando, não importa o quão longe estejamos dela, certo? Eu iria até mais longe. A alegria que eu tinha em H. me foi tirada. E estou bem longe, imerso em minha dessemelhança, daquele gozo que um dia eu espero ter em Deus se suas misericórdias forem infinitas para comigo. Mas louvando, ainda posso, até certo ponto, alegrar-me nela e também, até certo ponto, alegrar-me nele. Isso é melhor do que nada.
Porém, talvez me falte o dom. Reconheço que comparei H. a uma espada. Isso é verdade, até certo ponto. Contudo é, em última instância, pouco apropriado em si mesmo, e pode redundar no engano. Eu deveria ter sido mais equilibrado. Na verdade, eu deveria ter acrescentado: "Mas ela é também como um jardim. Como um conjunto de jardins, com paredes, cercas e, mais secreto, mais cheio de fragrância e vida fértil conforme você entra nele".
Então só o que me resta é louvá-la e a todas as coisas criadas, que são, "de alguma forma, e uma forma única, como àquele que as fez".
E assim por diante, do jardim ao Jardineiro, da espada ao Ferreiro, devo louvar a vida doadora de vida e a beleza torna tudo belo.
"Ela está nas mãos de Deus". Essa ideia renova minhas energias quando penso nela como uma espada. Talvez a vida que eu compartilhei com ela neste mundo foi apenas parte do processo de temperá-la. Agora, quem sabe, ele desembainhe a espada; pese sua arma nova; faça desenhos no ar com ela - "a verdadeira espada de Jerusalém".

[C. S. Lewis]
- de A Grief Observed [A Anatomia de Uma Dor]

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