8 de agosto de 2013

A PARÓDIA DO INFERNO

|8 DE AGOSTO|

Screwtape revela as intenções do inferno para o casamento

AS EXIGÊNCIAS do Inimigo [Deus] sobre os seres humanos tomam a forma de um dilema; ou se submetem à abstinência total ou à monogamia insaciável. Desde a primeira grande vitória do Nosso Pai [Diabo], nós demos um jeito para que a primeira alternativa fosse difícil demais para eles. A segunda, nos últimos séculos, temos transformado em uma rota de fuga. Para isso usamos os poetas e romancistas, convencendo os seres humanos de que a experiência curiosa e geralmente passageira, que eles chamam de "estar apaixonado", é a única razão respeitável para o casamento; que o casamento pode, e deve, se manter nesse estado de excitamento permanente e que, se não for assim, ele não precisa ser mais mantido. Essa ideia é a nossa paródia da ideia originária do Inimigo [Deus].
Toda a filosofia do Inferno baseia-se no reconhecimento da suposição de que uma coisa não é outra coisa, e, especialmente, que um não é outro eu. O que tenho de bom é meu e o que você tem de bom é seu. O que um ganha, o outro tem de perder. Até mesmo um objeto inanimado é o que é por exclusão de todos os outros objetivos do espaço que ocupa; se ele se expande, isso acontece pela expulsão dos demais objetos que estão ao seu lado ou então plea absorção deles. O "eu" age do mesmo jeito. No caso do mudo animal, essa absorção assume a forma de uma cadeia alimentar; para nós, ela significa a absorção da vontade e da liberdade de um "eu" mais fraco para dentro de um "eu" mais forte. "Ser" significa "estar em competição".

[C. S. Lewis]
- de The Srewtape Letters [Cartas do Diabo a seu Aprendiz]

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