26 de outubro de 2013

COMO DEUS PODE RESPONDER ÀS ORAÇÕES

|26 DE OUTUBRO|

Screwtape oferece uma breve lição sobre o tempo e a eternidade

VOCÊ deve lembrar que o seu paciente considera o tempo a realidade última. Ele supõe que o Inimigo [Deus], tal como ele mesmo, vê algumas coisas como presente, lembra de outras como passado e antecipa outras como futuro; e mesmo que ele acredite que o Inimigo [Deus] não vê as coisas dessa maneira, ainda sim, no mais fundo do seu coração, ele considera essa uma das peculiaridades do modo de percepção do Inimigo [Deus] - o paciente não pensa realmente (por mais que diga que sim) que as coisas como o Inimigo [Deus] as vê são as coisas como elas são! Se você tentasse explicar-lhe que as orações que os homens fazem hoje em dia são algumas das inumeráveis coordenadas com as quais o Inimigo [Deus] harmoniza o tempo de amanhã, o paciente responderia que, neste caso, o Inimigo [Deus] sempre soube que os crentes iam fazer tais súplicas e, portanto, não foram orações livremente feitas, mas predestinadas. E ele acrescentaria que as condições do tempo de um dado dia podem ser relacionadas, por meio de suas várias causas, com a própria origem do problema - de modo que a coisa toda, tanto do lado humano quanto do material, teria ficado estabelecida desde o princípio. O que ele quer dizer é óbvio para nós: que o problema de adaptar as condições particulares do tempo a orações particulares é apenas aparente, no dois pontos do seu modo temporal de percepção, diante do problema total de adaptar o universo espiritual como um todo ao universo físico; que a criação, como um todo, opera em todos os pontos do espaço e do tempo, ou antes, que o seu tipo de consciência o força a considerar a totalidade do ato criativo autoconsciente como uma série de eventos sucessivos. O fato de aquele ato criativo deixar espaço para o seu livre arbítrio é o grande problema, o segredo por trás de toda aquela tolice do Inimigo [Deus] sobre "amor". Como isso se dá, não é problema algum; o Inimigo [Deus] prevê as contribuições voluntárias que os seres humanos farão no futuro, mas os  fazendo-as em seu agora ilimitado. E é claro ver um ser humano fazendo algo não significa fazer com que ele o faça.

[C. S. Lewis]
- de The Screwtape Letters [Cartas do Diabo a seu Aprendiz]

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