18 de novembro de 2013

BOM TRABALHO

|18 DE NOVEMBRO|

PASSEMOS agora à ideia de glória. Não temos como escapar do fato de que essa ideia é bastante proeminente no Novo Testamento e nos escritos do cristianismo primitivo. A salvação é constantemente associada a coroas, mantos brancos, tronos e esplendor como o do sol e das estrelas. Nada disso tem atrativo imediato para mim e, nesse sentido, imagino que eu seja um típico homem moderno. A glória sugere duas ideias, das quais uma me parece perigosa e a outra, ridícula. Para mim, glória significa fama ou estrelismo. Quanto ao primeiro sentido, já que ser famoso significa ser mais conhecido do que outras pessoas, o desejo pela fama me parece uma paixão competitiva e, portanto, proveniente do inferno e não do céu. Quanto ao segundo sentido, quem gostaria de se tornar uma espécie de lâmpada elétrica viva?
Quando comecei a dar atenção a esse assunto, fiquei chocado em descobrir que cristãos diferentes, como Milton, Johnson e Tomás de Aquino, entendiam a glória celestial, com toda a franqueza, no sentido de fama ou boa reputação. Porém, não como a fama atribuída por nossos companheiros - fama com Deus, aprovada, ou (como eu ousaria dizer) "apreciada" por Deus. Então, depois de refletir sobre tudo isso, reconheci que essa perspectiva é bíblica; nada pode eliminar a recompensa da parábola dos talentos: "Bom trabalho, servo bom e fiel" [Lc 19.17]. Com isso, grande parte do que eu estive pensando a vida inteira caiu por terra, desmanchando-se como um castelo de areia.

[C. S. Lewis]
- de The Weight of Glory [Peso de Glória]

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