30 de dezembro de 2013

AS DELÍCIAS DO CÉU

|30 DE DEZEMBRO|

A MAÇÃ dourada do "eu", lançada entre os falsos deuses, transformou-se em um pomo de discórdia, porque eles competiam por ela. Não conheciam a primeira regra do jogo sagrado que diz que cada jogador deve, de qualquer jeito, passar a bola adiante assim que tocar nela. Ser pego com ela nas mãos é falta; agarrar-se a ela é morte. Porém, quando a bola vai e vem entre os jogadores, em passes rápidos demais para serem seguidos com os olhos, e o Senhor majestoso, ele mesmo, passa a liderar a celebração, oferecendo-se eternamente a suas criaturas no ato de gerar, e de volta a si mesmo no sacrifício pelo mundo, na verdade, a dança eterna "acalenta o céu com sua harmonia". Os movimentos dessa dança representam todas as dores e todos os prazeres que conhecemos na terra; mas a dança em si é estritamente incomparável com os sofrimentos do tempo presente. À medida que começamos a entrar no seu ritmo não-criado, a dor e o prazer quase desaparecem de vista. Existe alegria na dança, mas ela mesma não existe por causa da alegria. Ela não existe nem mesmo por causa do bem ou do amor. Ela é o próprio amor e o próprio bem, e, portanto, feliz. Ela não existe para nós, mas nós para ela. [...]

[C. S. Lewis]
- de The Problem of Pain [O Problema do Sofrimento]

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